O treinador Bill Belichick deixara bem claro numa das conferências de imprensa desta semana que durante o estágio de pré-temporada (training camp) a sua equipa técnica está atarefada não apenas a avaliar os jogadores que estão no estágio, mas também jogadores de outras equipas que possam estar prestes a ser dispensados ou que tenham perdido espaço nos esquemas dos seus treinadores.
Barkevius Mingo tem apenas 25 anos de idade. Foi escolhido na primeira ronda do draft de 2013 pelo Cleveland Browns, o sexto jogador selecionado naquela temporada. Mas, claramente, nunca conseguiu justificar a publicidade e o potencial que rodeiam os 10 primeiros jogadores escolhidos em qualquer draft.
Na sua primeira temporada conseguiu cinco sacks, sendo titular em 11 dos 15 jogos em que participou. Mas, nas duas últimas épocas o seu rendimento baixou ainda mais, pois foi limitado a apenas dois sacks nos 31 jogos que disputou nesse período, e o ano passado não foi titular uma única vez.
Pesa 109 quilos (240 libras), tem 1,93 metros (6 pés, 4) de altura, mas a sua carreira parecia estar em decadência. Aí, surgiram os Patriots, uma das melhores equipas da NFL a transformar o lixo dos outros nos seus tesouros.
Estamos perante o que poderá vir a ser mais um exemplo de como o clube identifica mais-valias potenciais com características físicas únicas que caíram em desagrado nas suas equipas devido a uma série de fatores, desde a incapacidade de caberem no esquema da equipa à falta de rendimento ou incompatibilidade com o treinador.
Quando saiu da universidade, da LSU, Mingo era claramente considerado uma mais-valia, mas três anos depois deixou de ter lugar em Cleveland. Qual o motivo? Terá sido porque não foi usado nas situações que melhor poderiam aproveitar as suas qualidades, ou o fato de ter jogado com vários treinadores, que usaram esquemas diferentes? Em Cleveland foi utilizado como outside linebacker no sistema de 3-4, não necessariamente o melhor sistema para as suas características.
Ninguém sabe ao certo qual terá sido o problema, mas a equipa técnica dos Patriots viu nele qualidades importantes e considera que poderá retirar-lhe todo o potencial e transformá-lo num jogador útil.
Mike Lombardi, que até recentemente foi um dos adjuntos dos Patriots, era o general manager dos Browns quando Mingo foi selecionado e sempre mostrou ser admirador das qualidades deste jogador.
Em troca, os Patriots concederam a Cleveland a sua escolha na quinta ronda do próximo draft.
Esta não é a primeira vez que os Patriots obtêm jogadores de Cleveland que acabam por ser pedras importantes na equipa, algo que aconteceu com Jabaal Sheard e Dion Lewis.
A posição de linebacker era das que tinha mais opções no atual plantel dos Patriots, com Sheard, Rob Ninkovich, Chris Long, Shea McClellin, Trey Flowers e Geneo Grissom. Mas, uma arreliadora série de lesões, que afastaram dos últimos treinos alguns dos melhores elementos deste grupo, casos de Rob Ninkovich (tríceps), Jabaal Sheard (joelho) e Shea McClellin, ajuda a explicar a obtenção de Mingo.
Bill Belichick já havia avisado que nesta altura do ano há normalmente muitas movimentações, pelo que a entrada de Mingo hoje e a saída de Bryan Stork ontem deverão ser apenas as primeiras de várias transações a realizar pela sua equipa antes do início da temporada.