Com a dramática vitória em Bufallo no domingo passado, o Miami Dolphins assegurou o apuramento para os play-offs, algo que os Patriots haviam conseguido na jornada anterior.
Como os dois já estão apurados seria de prever que as equipas técnicas estivessem interessadas em dar uma semana de folga a alguns dos jogadores que estão tocados, para que ambas entrassem nos play-offs na sua máxima força. Mas, os dois treinadores nem sequer querem ouvir falar nessa possibilidade.
Se os Dolphins conseguirem ganhar aos Patriots e Kansas City perder frente a San Diego, a turma de Miami sobe a quinto cabeça-de-série, o que resultaria na abertura da fase final em Houston, a 7 ou 8 de Janeiro. Mas, se perder, Miami terá de viajar até Pittsburgh, um osso muito mais duro de roer.
"Eu penso que os nossos jogadores estão focados nesta semana porque sabem exatamente quem vamos defrontar," disse Adam Gase, treinador dos Dolphins. "Esta é absolutamente uma equipa que, se nós olharmos para além deste jogo, vão-nos envergonhar. Por isso, o nosso foco tem que estar em jogar contra o New England, se não for, vamos pagar por isso no campo no domingo."
Na segunda-feira, quando lhe perguntaram se ia descansar alguns dos seus jogadores mais importantes, o treinador dos Patriots, Bill Belichick, mostrou-se agastado com a questão levantada.
"Olhe, eu realmente não entendo essa pergunta," disse Belichick. "Não sei quantos titulares temos, mas temos muitos mais - nós só podemos ter sete jogadores inativos [entre os 53]. Isto não é como um jogo de pré-temporada onde se tem 75 jogadores no plantel. Este é um jogo de campeonato.
"Eu realmente não compreendo esta linha de perguntas. Não quero dizer que sou um grande matemático nem nada disso, mas os números não batem certo para esse tipo de conversa, por isso não adianta nada sequer estar envolvido nisso."
"Já jogo aqui há oito anos e nunca ouvi esse tipo de conversa," acrescentou o wide receiver Julian Edelman durante a entrevista que concedeu à estação WEEI. "Limito-me a vir para os treinos e fazer o que eles me mandam e ter confiança naquilo que eles pensam ser o melhor. Vou-me preparar e fazer todo o possível para ter o meu corpo, a minha mente e as minhas emoções prontas e preparadas para jogar em Miami contra uma equipa muito boa, que está a jogar bem, e fazer tudo o que puder para ajudar a equipa a ganhar."
"Como elemento desta equipa de football eu quero jogar em todos os jogos que temos marcados, na pré-temporada, na primeira semana, na semana 17, e eu penso que todos os jogadores nesta equipa pensam da mesma maneira," acrescentouMatthew Slater, capitão das equipas especiais. "Todos os jogos são importantes. Nós queremos entrar em campo e jogar de melhor forma possível, e ajudar os colegas de equipa. Esta semana não é diferente."
MAUS RESULTADOS NOS ÚLTIMOS ANOS
O incentivo para os Patriots é simples: a vitória assegura que a equipa será o primeiro cabeça-de-série da AFC e por conseguinte jogará em casa, no Gillette Stadium, os dois jogos dos play-offs. Se perder, terá que esperar que Oakland não consiga ganhar no domingo para aspirar ao mesmo resultado.
Mas, independentemente da questão de fazer descansar alguns dos jogadores mais castigados por lesões menores que não obrigam a paragens, mas deixam mossa e afetam negativamente o seu rendimento, uma das questões que tem sido mais discutida nestes dias é o fraco rendimento dos Patriots em Miami nas últimas temporadas.
Assim, no dia 3 de Janeiro, na última jornada do campeonato de 2015, um jogo que a equipa precisava de vencer para poder disputar os jogos dos play-offs em casa, os Patriots perderam, 20-10, frente a uma formação que já estava afastada dos play-offs; em 2014 a derrota foi mais acentuada, 33-20, e no ano anterior a derrota cifrou-se em 24-10.
Vários jogadores dos Patriots foram entrevistados na terça-feira e questionados sobre este fraco rendimento em Miami nos anos mais recentes.
"Faz muito mais frio aqui [em Foxboro], nós estamos habituados ao frio e depois vamos lá e é muito mais húmido, muito mais quente, o teu corpo tem que se habituar, e por isso temos que estar focados," respondeu o running back Dion Lewis. "Temos que estar focados pois sabemos o que é que lá vamos fazer este fim-de-semana, que é sair de lá com uma vitória."
"Eles [Miami] criam-nos dificuldades lá, é o estádio deles, é uma daquelas coisas em que eles têm uma pequena vantagem devido ao calor. Temos estado a jogar em temperaturas negativas e agora temos que mudar o nosso corpo porque vamos jogar num tempo em que a temperatura é de 80 graus [27 centígrados], algo a que já não estamos habituados há algum tempo," acrescentou Julian Edelman.
"Não sei bem por quê, temos que lhe dar crédito, eles jogam lá com o apoio do público e executam, e não querem saber quem nós somos, nem quais são os nossos feitos, causam-nos sempre dificuldades pois somos uma equipa da mesma divisão," foi a opinião de Matthew Slater. "Por que motivo têm tido tanto sucesso lá contra nós, há provavelmente muitos motivos para isso, mas nós estamos apenas preocupados com o jogo de 2016, ou já 2017 quando jogarmos lá, [já é no dia 1], vamos tentar fazer o que for necessário."
"Lá [em Miami] eles têm jogado melhor do que nós, vai ser muito importante para nós termos uma semana tremenda de preparação," concordou Julian Edelman. "Tenho a certeza que o treinador vai fazer qualquer coisa para que as condições nos treinos sejam semelhantes ao calor, ou qualquer coisa do género. Sabe-se lá o que é que o treinador [Bill] Belichick tem em mente, mas tenho a certeza que ele vai fazer um bom trabalho a preparar-nos para esta batalha. A questão resume-se a executar e fazermos o que precisamos fazer para ganhar. Infelizmente não temos conseguido fazer isso nos últimos anos quando lá temos ido [a Miami]. É um ano novo, jogámos contra eles já há algum tempo, parece que já foi no ano passado, é como se eles tivessem uma equipa nova, nós temos uma equipa nova, por isso vai-se resumir a quem se preparar melhor, tiver uma boa semana de treinos e fizer o trabalho no domingo."
Para Alan Branch, "Miami é uma boa equipa. Jogam contra nós duas vezes por ano e por isso conhecem-nos bem, conhecem os nossos jogadores, conhecem a nossa equipa técnica. Como tal, temos que ir lá e jogar arduamente, não há nenhuma equipa nesta liga que se entregue, especialmente eles, pelo que, conforme disse, temos que ir lá e fazer o nosso jogo."
"Para não sofreremos uma desilusão, temos que enfrentar esta semana conforme temos feito com todas as outras, tem que ser. Chegamos cá, fazemos as coisas que precisamos fazer para estarmos preparados e fazemos o trabalho normal," foi a sugestão do tight end Matt Lengel. "Eles têm uma boa equipa, têm estado a jogar bem nos últimos 9, 10 jogos e nós temos que nos preparar como sempre fazemos para chegarmos lá e tentar ganhar o jogo."
Na realidade Miami está em excelente forma, com nove vitórias nos últimos 10 jogos, incluindo um triunfo dramático no domingo, no prolongamento, sobre Buffalo, mas Matthew Slater considera que a boa forma dos Dolphins "não muda nada, sempre tivemos um grande respeito por eles e pelos seus jogadores, e pela forma como jogam. Obviamente este ano são uma equipa que se apurou para os play-offs, fizeram muitas coisas boas, mas isso não afeta a forma como vamos abordar o jogo, nós sempre os levámos muito a sério, compreendemos que vai ser um jogo difícil."
O FATOR CASA
Há algo que vai ter que mudar no domingo. Os Dolphins só perderam uma vez em casa na temporada em curso, mas os Patriots ganharam os sete jogos que disputaram fora do Gillette Stadium.
"Quando estamos a jogar e as coisas ficam apertadas, o volume que o nosso estádio está a gerar tem sido excelente," disse Adam Gase, treinador dos Dolphins, que considera o fator casa muito importante. "A emoção — você sente-a quando entra no estádio; sente-a através dos jogadores quando eles entram em campo. Há uma sensação diferente quando estamos na nossa linha lateral, quando estamos em casa."
Em contra partida, Alan Branch considera que seria ótimo terminar invicto nos jogos fora de casa, mas "eu não me prendo muito com as estatísticas, desde que ganhemos sinto-me bem. Nunca prestei atenção ao que as equipas fizeram anteriormente, é difícil ganhar fora de casa, mas é mais fácil para a linha defensiva porque não há tanto ruído e conseguimos ouvir as chamadas defensivas feitas pelo* linebacker*. Mas, para nós não faz diferença se o jogo é em casa ou fora de casa, temos que apertar o cinco e jogar bem."
E Matthew Slater prometeu que os Patriots vão abordar o jogo "como faríamos em relação a qualquer outro jogo, dedicar-lhe todo o nosso foco e atenção em termos de preparação. Já lá não ganhamos há 4 anos, por isso queremos ir até lá e fazer uma boa exibição e jogar para ganhar."
"Acho que estamos a jogar muito bem, estamos a tentar manter o nível, há sempre algumas situações durante o jogo em que não estamos a fazer o nosso trabalho tão bem como desejaríamos, mas o nosso trabalho é tentar reduzir essas jogadas e jogar bem," concluiu Alan Branch.
Em resumo, os Patriots reconhecem que vai ser um jogo muito difícil, mas estão confiantes que poderão trazer uma vitória na bagagem no regresso a casa.