A movimentação de jogadores na NFL já começou há alguns dias. Embora o dia 9 de Março para alguns seja o mais importante da temporada, pois é nessa data que podem começar a contratar jogadores em fim de contrato, os chamados 'free agents', para outros o dia 15 de Fevereiro é mais importante porque marca o início do prazo para designar jogadores com as etiquetas 'franchise' e* 'transition',* os mecanismos que permitem às franquias segurar os seus jogadores em fim de contrato que consideram essenciais para a nova temporada.
Todas as decisões estão baseadas no teto salarial, igual para todos. Simplesmente, algumas franquias sabem dividir o bolo, outras gastam uma grande percentagem dessa quantia num número reduzido de jogadores e depois ficam com muito pouco para completar o plantel.
É por isso que já começaram a ser divulgadas algumas dispensas algo inesperadas, todas elas destinadas a criar um maior espaço no tal teto salarial, que em 2017 deverá andar a rondar os $173 milhões por franquia.
Por exemplo os New York Giants dispensaram os veteranos Victor Cruz e Rashad Jennings na segunda-feira para conseguirem uma poupança de cerca de $10 milhões. Depois desta decisão calcula-se que tenham $33 milhões disponíveis.
E os Patriots? Sem terem tomado qualquer decisão sobre os cerca de 20 jogadores que estão em fim de contrato, os tais 'free agentes', ainda têm entre $62 a $65 milhões para gastar. A verba exata será divulgada nos próximos dias.
Portanto, a finalização do plantel é um verdadeiro quebra-cabeças, pois há muitas componentes a ter em consideração. Na NFL nem todos os contratos são garantidos, pelo que, tal como sucedeu com Cruz e Jennings, também os Patriots poderão vir a dispensar alguns dos jogadores que ainda têm contrato. Há ainda a possibilidade de restruturar contratos presentemente em vigor. E, claro, se a franquia decidir trocar jogadores como Jimmy Garappolo, em troca receberá provavelmente jogadores a escolher no draft, cujos contratos são muito menos dispendiosos.
Nos próximos dias,Bill Belichick e a sua equipa técnica, principalmente Nick Caserio, o director técnico dos Patriots, vão tomar decisões importantes no estabelecimento do plantel para 2017.
Parte do problema prende-se com o fato de presentemente existirem cerca de 20 jogadores que estão em fim de contrato nos Patriots, free agents, alguns de maior valor do que os outros. Muitos estão na defesa. E, claro, ninguém vai querer ficar a ganhar menos, todos eles decerto vão procurar um aumento salarial. Assim sendo, os tais $62 a 65 milhões poderão desaparecer muito depressa, restringindo a possibilidade de reforçar a equipa nos setores mais carecidos.
Conforme explicámos anteriormente, as etiquetas 'franchise' e* 'transition'* são um mecanismo que permite às equipas reterem jogadores em fim de contrato. Porém, só podem designar um em cada categoria, mas a um custo elevado.
DONT'A HIGHTOWER ESTÁ NO TOPO DA LISTA
Os jornais, programas de rádio e televisão, sites da internet têm passado os últimos dias a tentar elaborar o nível de importância dos free agents dos Patriots. E, o* linebacker* Don't'a Hightower tem sido apontado como o mais importante, aquele que mais falta fará caso não renove. Por isso, muitos consideram ser o candidato ideal para a etiqueta 'franchise'.
O problema é que qualquer jogador assim designado terá de receber um contrato com a média salarial dos cinco jogadores mais bem pagos naquela posição. No caso de linebacker essa média em 2017 deverá andar a rondar os $15 milhões por temporada.
É muito dinheiro para um só jogador e retira logo 25 por cento da verba disponível que os Patriots têm para gastar com todas as suas aquisições e/ou renovações. É certo que a equipa fica com a possibilidade de negociar um contrato a longo prazo que reduza a média salarial anual, mas Don't'a Hightower, que durante a temporada recusou uma proposta de $10 milhões anuais, poderá muito simplesmente aceitar a oferta dos 15 milhões e na próxima temporada tornar a usar a mesma estratégia.
Um ponto a ter em consideração é a profunda amizade entreDont'a Hightower e Jamie Collins, talvez o mais talentoso defesa dos Patriots na altura e que a meio da temporada foi enviado para Cleveland. Recentemente Collins renovou pelos Browns, um contrato com a duração de quatro temporadas que lhe rendeu $50 milhões. Na semana passada, embora tenha dito que estava disposto a aceitar a etiqueta 'franchise', Hightower também mencionou que conversara como seu antigo colega de equipa sobre as negociações, o que sugere que qualquer proposta dos Patriots terá de começar nos tais $50 milhões por quatro anos.
Mas, os Patriots também vão ter em conta a durabilidade do jogador. Com 27 anos de idade, Hightower só fez uma temporada completa em 2013. Nos três últimos anos falhou 11 de 48 jogos por lesão.
O QUE SE DIZ SOBRE DONT'A HIGHTOWER
Obviamente, todas as análises publicadas sobre o* linebacker dos Patriots salientam a sua exibição no Super Bowl, especialmente o *sack de Matt Ryan e o fumble que ajudou a mudar radicalmente o rumo do jogo. E há dois anos foi Hightower quem derrubou Marshawn Lynch e impediu que o running back dos Seahawks conseguisse o touchdown na jogada que antecedeu a memorável interceção deMalcolm Butler. Por isso, para muitos, a renovação com Hightower é considerada essencial para a turma de Foxboro.
Segundo o site profootballfocus.com, Dont'a Hightower é um dos oito jogadores na NFL que justificam a etiqueta 'franchise'.
Na sua análise reconhecem que os Patriots nem sempre utilizam este mecanismo, mas que neste caso devem considerar essa possibilidade. Na temporada recentemente concluída, Elandon Roberts, Kyle Van Noy e Shea McClellin participaram em muitas jogadas, mas não conseguiram aproximar-se do rendimento de Hightower, que registou seis* sacks, 30 *hurries e 39 stops. Por isso, a proposta de contrato por um ano iria tornar Dont'a Hightower "no linebacker tradicional mais bem pago da liga, mas também iria dar tempo aos Patriots para avaliar jogadores como Roberts para o futuro…ao mesmo tempo que estariam na competição para o seu terceiro título no Super Bowl em quatro anos."
O mesmo site considera Dont'a Hightower número 11 na lista de free agentes. O diário USA TODAY colocou-o em número 10.
Portanto, torna-se bem claro que o jogador tem mercado caso os Patriots não estejam dispostos a aproximar-se do contrato de Collins, que tem garantidos $26,4 milhões da verba total.
"Eu gostaria de pensar [que é um bom sinal que os Patriots me querem manter na equipa]", disse Hightower em entrevista concedida na semana passada à ESPN. "Mas, uma vez mais, os jogadores podem sair ou ser trocados. Eu estou a tentar seguir em frente e desfrutar da vitória no Super Bowl. Tenho a certeza que nas próximas semanas todas essas questões relacionadas com o* free agency* vão aumentar de ritmo, e eu vou lidar com isso quando chegar a altura."
Em termos de comparação, Luke Kuechly, o categorizado* linebacker* do Carolina Panthers, um dos melhores na NFL e cujo contrato tem sido utilizado como uma espécie de barómetro para esta posição, recebe $12 milhões anualmente.
Finalmente, para que se possa ter uma ideia mais exata da forma como os Patriots tratam desta etiqueta *'franchise' *recorde-se que nos últimos quatro anos só foi utilizada em 2015 para segurar Stephen Gostkowski.
Em três ocasiões, os jogadores aceitaram a proposta mas saíram no fim da temporada (em 2005 com Adam Vinatieri, em 2007 com Asante Samuel e em 2012 com Wes Welker).
Noutras ocasiões, as duas partes acabariam por prolongar o acordo (2002 com Adam Vinatieri, 2010 com Vince Wilfork e 2011 com Logan Mankins).
Mas, em 2003, com Tebucky Jones, e 2009, com Matt Cassel, depois da proposta da etiqueta 'franchise' os jogadores acabaram por ser enviados por troca para outras franquias.
Portanto, hoje é apenas o primeiro dia numa situação que terá que ser decidida até ao dia 1 de março. Até lá os Patriots vão continuar a negociar com os jogadores com quem estão interessados em renovar. Caso o acordo falhe, se considerarem que o jogador é imprescindível, têm as duas etiquetas como opção.