A experiência, para alguns observadores, é extremamente importante num jogo desta importância, e nesse aspeto os Patriots têm uma grande vantagem, já que apenas cinco dos jogadores dos Falcons participaram num Super Bow, mas 23 dos jogadores dos Patriots regressam à finalíssima, com Tom Brady na cabeça da lista, com sete presenças.
O interessante foi observar o contraste na atitude dos dois lados. Os Falcons pensam que o seu ataque explosivo é imparável.
O* running back* Devonta Freeman, em entrevista concedida na quinta-feira a Mike Florio, do site Pro Football Talk, disse que "nós [o ataque dos Falcons] vamos conseguir fazer o que muito bem entendermos. Escolhe o teu veneno.
"Executar depende de nós," explicou Freeman. "Somos homens crescidos. Vamos para lá [Houston] por um motivo único. Para tratar do negócio."
Interessante. Freeman vai 'apenas' defrontar a defesa menos batida da NFL em 2016, pois os Patriots consentiram 15,6 pontos por jogo. Por isso, decerto que a esta hora as declarações de Freeman já foram comunicadas a todos os jogadores dos Patriots, transformando-se em mais um motivo de motivação para uma equipa que considera que o verdadeiro objetivo de qualquer temporada é conquistar o título de campeão.
Ganhar a AFC? Sete vezes para os Patriots desde 2001. Os Falcons? Foram campeões uma vez na NFC, em 1998-99, e depois perderam o Super Bowl para Denver, 34-19.
O contraste na atitude entre as duas equipas é demasiado gritante. Do lado dos Patriots ninguém fala do adversário a não ser para dizer bem, para elogiar. Vejamos algumas das declarações.
Tom Brady vai disputar o seu sétimo Super Bowl em 15 temporadas, números históricos. Curiosamente quando lhe perguntaram se sentia alguma diferença em relação às participações anteriores, Brady mostrou uma humildade incrível.
"Muito sinceramente ainda não pensei muito sobre isso," respondeu Tom Brady. "Penso apenas que estou muito grato pela oportunidade. É uma coisa muito fixe para a nossa equipa conseguir este feito. Foi necessário muito trabalho. Há muitas pessoas que nos apoiam – as nossas famílias, os nossos amigos, antigos treinadores, antigos colegas – que vão todos estar entusiasmados de domingo a oito dias, por isso eu quero ir para o campo e representá-los todos muito bem."
O historial de Tom Brady fala por si. Por conseguinte, na quinta-feira até mesmo os rivais deram o braço a torcer e reconheceram que o quarterback dos Patriots é um jogador sem rival.
"Ele é uma pessoa extraordinária," considerou Drew Brees, o fabuloso *quarterback *do New Orleans Saints numa entrevista concedida à ESPN. "Eu penso que começa tudo com a preparação dele e o que ele faz, não apenas o que ele faz mentalmente para se preparar para o jogo, mas também o que faz fisicamente, a forma como cuida do seu corpo, todas aquelas pequenas coisas que as pessoas não fazem a mais pequena ideia. Quando o vemos aos domingos não temos a mais pequena ideia do trabalho que um jogador assim faz. Eu tenho jogado contra o Tom desde os tempos da universidade e sempre vi aquele nível de concentração e intensidade, o seu nível competitivo. Ele tem sempre aquele sentimento de vingança. Quando entra em campo, está tudo sob o seu comando, está sereno. Eu vi o filme de muitos dos jogos dos Patriots este ano e eles nunca cometem erros, ele nunca comete erros, e de repente olhamos para o placar e está 35-13 e eles estão a ganhar mais um jogo de football."
Igualmente interessante foi a opinião de Richard Sherman, o* corner back *do Seattle Seahawks que no início da sua carreira, chegou a demonstrar uma tremenda falta de respeito por Tom Brady. Mas, com a passagem do tempo, também Richard Sherman aprendeu a reconhecer o valor do seu rival.
"Os quarterbacks estão a jogar em grande forma, mas o Tom Brady não é abatido com facilidade, ele é um dragão que não é abatido com facilidade (sorrisos)," disse Sherman na sua entrevista à ESPN. "Temos tido grandes lutas contra ele, acima e abaixo. Sempre que temos lutado contra ele, é uma briga até ao último segundo, até ao último drive, até à última jogada, e penso que este vai ser um desses jogos, ver quem ganha a última jogada."
PARA ESTES É O PRIMEIRO SUPER BOWL
O defensive end Chris Long, um veterano de oito temporadas da NFL, vai finalmente participar num Super Bowl. Depois de sete temporadas frustrantes no Saint Louis, agora Los Angeles, Rams, onde nunca conseguiu chegar sequer aos play-offs, Long decidiu mudar-se para os Patriots e viu a decisão recompensada.
"Foi o motivo por que vim para cá," confessou Chris Long. "Resumindo, todos querem ganhar. Quando, quando já estás com uma certa idade e tomas uma decisão sobre onde queres ir, tu queres estar em situações como esta, com oportunidades como esta. Merecemos a oportunidade, e tudo o que fazemos com ela depende de nós."
"Sinto-me tão abençoado por estar aqui", acrescentou o linebacker Kyle Van Noy, que se transferiu dos Lions a meio da temporada. "Foram dois anos difíceis em Detroit. Fizeram-me muitas críticas. Tudo fazia parecer que eu não estava a fazer o que pensavam que eu era capaz de fazer. Tinha grandes expectativas. Eu não estava a conseguir enquadrar-me no princípio. Vim para aqui, e tive um novo início."
"É divertido fazer parte disto, ver todos aqui --os meios de comunicação social," comentou Chris Hogan, o wide receiver que na vitória sobre os Steelers estabeleceu um novo recorde dos Patriots com 180 jardas em receções. "É uma experiência legal para mim, mas eu penso que nós fazemos um trabalho muito bom em não permitir que certas coisas nos distraiam daquilo que eu quero fazer e o que eu quero realizar como jogador de football. Este é um sonho tornado realidade, jogar no Super Bowl, então não há nada que me distraia para evitar que faça o meu trabalho."
"Como jogador de football, como atleta, como competidor, o sonho de jogar no Super Bowl... eu nunca ia perder isso," acrescentou Chris Hogan. "Tem sido uma longa jornada. Eu tive muitos solavancos na estrada, mas mantive a minha cabeça baixa e continuei a trabalhar... Este ano tem sido incrível. Eu não poderia ter escrito algo melhor."
"É muito entusiasmante participar nisto, é um sonho tornado realidade para muitos dos jogadores nesta sala, e agora só falta ir tirar proveito dessas oportunidades," disse Jacoby Brissett, o quarterback que foi reintegrado na ponta final da temporada.
"Nunca passei por isto, normalmente quando lá vou [ao Super Bowl], dou um passeio, por isso não sei como é que vai ser, vai ser uma experiência nova para mim," indicou o tight end Martellus Bennett.
"[Atlanta] é uma equipa fenomenal, que compete de forma tremenda, Obviamente eles fizeram coisas importantes para chegar onde estão, por isso espero um jogo difícil," acrescentou o rookie wide receiver Malcolm Mitchell, que continua a debater-se com uma lesão que lhe tem roubado explosividade.
FALAM OS VETERANOS
Por haver tantos jogadores que nunca participaram no Super Bowl, é importante que os veteranos, os líderes, utilizem a sua experiência para elucidarem os menos experientes sobre a melhor forma de se prepararem para o jogo mais importante da temporada.
"Penso que o ambiente que existe neste momento nos obriga a pensar só no football," disse Devin McCourty, um dos capitães da defesa. "Vamos para o Super Bowl. Tu realmente não pensas em mais nada, e por isso eu acho que nas últimas 24 horas, começando ontem, chegámos, fizemos um bom treino, e depois hoje [quinta-feira] demos mesmo tudo por tudo. Eu penso que a rapaziada está a começar a pensar que estamos apenas a preparar-nos para mais um jogo, e acho que isso é um sentimento fundamental para ter a mentalidade [certa] para nos prepararmos e estarmos prontos para mais um jogo.
"Obviamente, é o jogo mais importante do ano. É o jogo que todos nós queremos jogar, nas 32 equipas. Mas penso que é preciso conseguir fazer o que temos feito durante todo o ano, no que se refere à preparação, analisando a equipa [adversária], sabendo o que eles fazem. Penso que chegámos ao ponto em que todos sentem isso."
"À medida que nos aproximamos do jogo, tenho a certeza que teremos conversas com alguns jogadores que nunca estiveram lá [no Super Bowl], sobre o que podem esperar, como vão ser as coisas assim que chegarmos lá [a Houston]," acrescentou Matthew Slater, capitão das equipas especiais. "Mas vou-lhe dizer isto, quando chegarmos ao jogo em si, eu aprendi com o treinador [Bill] Belichick, que não se trata da experiência. É tudo sobre a forma como se joga. É sobre quem joga bem no jogo."
"A fasquia fica cada vez mais elevada com cada ronda que passa, mas obviamente quando entras em campo e começas a correr é uma sensação incrível, não há nada igual como este jogo [Super Bowl]," disse o wide receiver Danny Amendola. "Mas ao fim do dia é apenas football, mas jogado a um ritmo mais intenso. É divertido. Não há nada melhor."
"Eu fiquei entusiasmado quando fui pela primeira vez, estou entusiasmado outra vez, é uma experiência tremenda, um ambiente incrível, é algo com que sonho desde pequenino, por isso sinto-me abençoado por estar aqui pela segunda vez, não vou dar valor," foi a opinião do running back James White.
"Eu diria que depois do ano passado, quando tive que ver tudo de fora, poder recuperar e conseguir preparar-me para poder contribuir e produzir para a minha equipa e estar em campo com os meus irmãos, é uma sensação diferente e sinto-me abençoado por ter esta nova oportunidade para poder jogar mais um jogo com os meus irmãos," acrescentou o defensive lineman Trey Flowers.
O running back LeGarrette Blount considera que os Falcons "são uma excelente equipa, são muito rápidos, são jovens, jogam com muita energia, têm muitos jogadores bons, por isso temos que manter a nossa compostura, jogar durante todos os 60 minutos e depois logo se vê como o jogo vai acabar.
"Obviamente todos temos um objetivo em mente, que é ganhar este último jogo e por isso vamos fazer o que for necessário para nos colocarmos na melhor situação possível."
O wide receiver Julian Edelman começou por dizer que os Patriots estão a fazer "todos os possíveis para nos prepararmos da melhor forma para que possamos jogar o melhor possível," mas depois avisou que os jogadores de Atlanta "são extremamente explosivos, rápidos, bem treinados, têm grandes jogadores, por isso vamos ter que tirar proveito do tempo que temos ao nosso dispor para nos preparar-nos porque esta vai ser a melhor equipa que temos que defrontar."
Antes da partida para Houston, que terá lugar só na segunda-feira, ainda há muito trabalho pela frente.
"Queremos fazer o máximo possível enquanto aqui estivermos," relembrou o linebacker Rob Ninkovic. "Temos o conforto de estar na nossa casa, as salas de reuniões, os computadores, tudo o que estamos habituados a trabalhar. Por isso tentamos fazer o máximo possível enquanto aqui estivermos."
"Temos que considerar esta como uma semana normal, estudar filme dos jogos [dos Falcons] e aprendermos tudo que for possível sobre eles porque sabemos que em Houston vai ser uma doidice," concluiu o tackle Nate Solder. "Esta é a melhor altura para nos concentrarmos na nossa equipa, nas coisas que precisamos fazer."
Aí estão os vários depoimentos. As única~s preocupações são trabalhar, estudar o adversário e fazer a melhor preparação possível.