Mais de metade das perguntas feitas pelos jornalistas na última conferência de imprensa do treinador Bill Belichick antes da viagem para Denver trataram da aquisição, confirmada oficialmente ontem à noite, do wide receiver Michael Floyd.
Bill Belichick abriu a sessão a confirmar que os Patriots haviam assinado Floyd e dispensado Griff Whalen, considerando que "é muito semelhante à situação do Whalen na semana passada, uma posição onde não temos muitas opções."
"Nós sentimos que é preferível trabalhar com o [Michael] Floyd nesta altura da temporada. Estamos cientes da situação que aconteceu no início da semana. Deixaremos que a situação legal siga o seu caminho e vamos ver como correm as coisas. Ele é um jogador que nunca esteve connosco. Estamos ansiosos para trabalhar com ele e vamos ver como correm as coisas."
Michael Floyd, uma escolha de primeira ronda do Arizona Cardinals, em 2012, foi dispensado no início da semana depois de ter sido preso quando foi encontrado inconsciente, dentro do seu carro, à beira da estrada, em Scottsdale. Acusado de conduzir debaixo de influência do álcool [OUI], eventualmente terá de ir responder a tribunal.
Por isso os jornalistas quiseram saber por que motivo os Patriots haviam assinado o jogador, já que supostamente Michael Floyd tivera um incidente semelhante quando estava na universidade.
"Eu não diria que foi [uma situação] semelhante," respondeu Bill Belichick. "Diria que foi uma situação muito diferente…seja o que for, é como é. Estamos familiarizados com o seu passado. Vamos seguir em frente com o jogador e vamos ver como correm as coisas."
Mais à frente, Bill Belichick repetiu que os Patriots não têm muitas opções naquela "posição. Nós acrescentámos um jogador [Grif Whalen] naquela mesma posição na semana passada e basicamente trocámos de jogador."
Sobre a possibilidade de Michael Floyd ter mais facilidades em aprender o sistema ofensivo dos Patriots por ter sido treinado na Universidade Notre Dame por Charlie Weis, antigo coordenador ofensivo dos Patriots, Bill Belichick limitou-se a dizer: "não sei, ele [Floyd] está cá há duas horas."
Como os jornalistas foram insistindo no mesmo tipo de perguntas, Bill Belichick tentou colocar tudo em perspetiva.
"Olhem, esta não é a primeira vez que um jogador veio para uma equipa depois do início da temporada, por isso não estamos aqui a falar de um evento histórico," disse Bill Belichick. "Quer tenha sido o Alan Branch há dois anos, ou o Kyle Van Noy este ano, ou o Jonathan Casillasou o Griff Whalen há uma semana, é a mesma coisa que já falamos sobre cada um desses jogadores. Vamos ver como correm as coisas."
Bill Belichick anunciou que Floyd vai viajar com a equipa para Denver, embora seja muito duvidoso que entre em jogo pois na temporada em curso os seis jogadores que foram contratadas com a época a decorrer não se equiparam no primeiro jogo.
"Absolutamente, sem dúvida," esclareceu Belichick. "Dá-nos tempo para nós o ajudarmos a apanhar as tarefas e os processos e outras coisas relacionadas com a equipa, e permite que ele veja a operação pré-jogo, e o jogo em si. Esteja ativo ou não, [permite-lhe] eliminar um pouco o elemento de surpresa na próxima vez que isso [ser convocado para o jogo] acontecer."
MOTIVO PARA A CONTRATAÇÃO
Portanto, o motivo para a contratação é simples, os Patriots precisavam quase desesperadamente de mais um wide receiver. Na semana passada, no jogo frente aos Ravens, só três estiveram equipados, Chris Hogan, Julian Edelman e Malcolm Mitchell.
Este trio acumulou até ao momento acumulou 139 receções, 1,762 jardas e 10 touchdowns. Mas, a margem de manobra desapareceu com a lesão de Danny Amendola. Basta recordar um incidente ocorrido na segunda-feira à noite.
Chris Hogan teve que sair do terreno por ter sido atingido na mão. Para a jogada seguinte, o coordenator offensivo Josh McDaniels escolheu um lance em que precisava de ter três wide receivers em campo, o problema é que não havia mais nenhum no banco, a não ser Matthew Slater, capitão das equipas especiais, também ele regressado depois de ter falhado dois jogos devido a lesão. Por isso, foi necessário gastar um timeout para evitar estragos.
Na temporada em curso, Floyd, de 27 anos, mais alto e mais forte do que os restantes colegas de setor nos Patriots, pois tem 6 pés-2 (1,88 metros) de altura e pesa 220 libras (100 quilos), recebeu 33 passes, totalizando 446 jardas e quatro touchdowns.
Na sua carreira já fez 242 receções, para 3.739 jardas e 23 touchdowns.
A sua melhor temporada foi em 2013 --65 receções, 1.041 jardas e cinco touchdowns. Em 2014 teve uma média de 18 jardas por receção, e no ano passado, apesar de ter sido afetado por várias lesões, batalhou e totalizou 52 receções para 849 jardas.
A sua durabilidade tem sido uma das principais características, pois só falhou um dos 77 jogos que os Cardinals disputaram durante as cinco temporadas em que esteve em Arizona.
VAI ENCONTRAR CARAS CONHECIDAS
A adaptação de Michael Floyd à sua nova equipa vai ser um pouco mais fácil porque vai encontrar pelo menos uma cara conhecida, o cornerback Logan Ryan. Durante o defeso, Logan Ryan desloca-se até Phoenix, onde segue um rigoroso regime de preparação para a nova temporada. E foi lá que Ryan conheceu Floyd.
"Conheço-o. Ele é um bom rapaz. Estou feliz por ele estar aqui, e tenho a certeza de que ele está sedente de poder ter uma segunda oportunidade," disse Ryan depois do treino desta manhã. "Eu sei que ele estava entusiasmado com esta temporada. Trabalhou imenso, por isso estou entusiasmado por ele ter a oportunidade de fazer algo, e talvez fazer alguns grandes jogos."
A concluir Logan Ryan fez uma análise às características do seu novo colega de equipa.
"Como receiver, ele é grande, tem um grande porte. Mas ele não é apenas um jogador grande que joga a receiver. Ele definitivamente tem muitas das características do receiver --mãos naturais, ele é realmente bom no acompanhamento dos passes longos, tem bom jogo de pés para uma pessoa do seu tamanho…dá para entender por que é que ele tem tido tanto sucesso nesta liga e na universidade."
O sensacional receiver Larry Fitzgerald, agora antigo colega nos Cardinals, também é um grande admirador.
"Penso que ele vai ser um grande achado onde quer que vá parar," disse Fitzgerald. "Estamos a falar de um jovem que está esfomeado. Ele está ansioso para fazer jogadas num ano de [fim de] contrato. Ele tem algo a provar... não que já não tivesse antes, mas agora tem mais. Espero que ele chegue e vá longe nos playoffs."
"Contrariamente ao que se diz, o Mike nunca foi um rapaz imaturo," acrescentou Fitzgerald. "Ele teve um incidente na universidade, mas todos nós cometemos erros. Eu cometi os meus. Todos no balneário também. Todos cometemos erros na nossa vida. Quando jogas na National Football League ficas sob o microscópio e tudo o que fazes é analisado ao pormenor. O Mike é um bom rapaz. Ele é alguém que eu respeito imenso, de que gosto, e só espero que ele se encontre numa situação em que seja feliz e possa pode ter uma carreira muito próspera."
FACILIDADES DE ADAPTAÇÃO
Charlie Weis, o antigo coordenador ofensivo dos Patriots que foi treinador de Michael Floyd na Universidade Notre Dame considera que o seu antigo pupilo não deverá sentir grandes dificuldades em adaptar-se ao sistema ofensivo criado pelo coordenador Josh McDaniels. Weis instalou um sistema semelhante na Notre Dame.
"Quantos lugares é que tu conheces para onde possas ir e conheceres logo 75 por cento da linguagem ao entrares pela porta dentro?" explicou Weis durante uma entrevista concedida ao programa matinal 'Kirk and Callahan' da estacão de rádio WEEI. "A linguagem é a mesma, com alguns ajustes do Josh [McDaniels] e a maturação da última década, a linguagem ainda é a mesma... Há apenas uma derivação de 25 por cento em cada sistema. Tens aqui um jogador que vem para cá e que não precisa de aprender de novo todo o sistema [ofensivo]. Mentalmente, tens uma grande vantagem sobre os outros porque já sabes o que tens que fazer."
Na realidade, o sistema de jogo ofensivo dos Patriots é considerado deveras complexo e no passado vários receivers de renome, como Chad Ochocinco, que conseguiu apenas 15 passes durante uma temporada, tiveram problemas de adaptação. Por isso os jornalistas que estiveram no balneário quiseram saber a opinião dos outros elementos desta unidade.
"É um ataque complexo," reconheceu Julian Edelman. "Definitivamente tem os seus momentos difíceis, mas nós temos uma equipe técnica que trabalha ao máximo para ajudar os jogadores e para que eles se recordem de tudo e possam utilizar os seus pontos fortes, é isso que temos que esperar."
A concluir, Julian Edelmancolocou tudo em perspetiva.
"Espero que ele possa ajudar", acrescentou Edelman. "Neste momento não estou muito preocupado com isso. Estou preocupado com o Denver Broncos. É sempre bom ter uma outra arma. Mas se ele não vai jogar esta semana [no domingo], não estou realmente preocupado com isso, porque nós temos um adversário muito difícil pela frente."