Nos últimos dias o tema mais debatido tem sido as dificuldades que Tom Brady costuma sentir frente ao Baltimore Ravens. E segundo os mais pessimistas se no passado tem sido difícil, na segunda-feira, frente à melhor defesa da NFL, vai ser ainda mais complicado.
Em termos de resultados, até não tem sido mau, pois os Patriots com Tom Brady venceram cinco dos seis jogos disputados contra os Ravens em jogos do campeonato, mas ganharam dois e perderam outros dois nos play-offs. Portanto no total: sete vitórias e três derrotas.
A nível pessoal já a situação fica mais complicada, pois nos seis jogos para o campeonato, Tom Bradyconseguiu apenas seis touchdowns *e sofreu três interceções, tendo acumulado um *quarterback rating de 83,6. A média na sua carreira é de 97, portanto nota-se uma quebra, decerto provocada pelo nível das defesas de Baltimore ao longo dos anos, normalmente muito pressionantes. A comprovar isso há o facto de ter sofrido 14 sacks nesses seis jogos.
Em termos globais, em quatro dos últimos cinco jogos a defesa dos Ravens não permitiu que ninguém marcasse mais do que 14 pontos, pelo que neste momento é a segunda defesa menos batida na NFL, consentindo apenas 17,25 pontos por jogo. Curiosamente reparte esse segundo lugar…com a defesa dos Patriots.
O ponto forte parece ser a sua linha defensiva, pois tem a melhor defesa contra o jogo terrestre, permitindo escassas 73,8 jardas por jogo, 3,4 jardas por corrida. E é aí que começam muitos dos problemas para os ataques adversários, pois quando não conseguem avanços em corrida são obrigados a virar-se para o jogo aéreo, que por essa altura começa a ser pressionado, daí as 14 interceções conseguidas nos 12 jogos disputados até ao momento. Devido a essa pressão, os quarterbacks adversários só conseguem completar 64,1 dos seus passes.
E como o jogo terrestre adversário tem fracassado, a defesa dos Ravens é a melhor da NFL a conseguir evitar os avanços necessários nas terceiras descidas, algo que tem conseguido em 66,7 por cento das tentativas. Nesta estatística os Patriots surgem em décimo terceiro lugar, com uma média de 38,71 por cento.
Se as estatísticas ganhassem jogos os Patriots e Tom Bradydecerto poderiam esperar uma noite muito complicada na segunda-feira, mas sabe-se bem que, não obstante as lesões de Rob Gronkowskie Danny Amendola, o ataque de Foxboro continua a funcionar. Tem conseguido uma média de 26,58 pontos por jogo, sexto melhor desempenho na liga, muito superior aos Ravens, que marcam em média 21,33 pontos por jogo.
E, claro, Tom Bradyjá conseguiu 19 touchdowns, com apenas uma interceção, o que equivale a um rating de 113,1, o segundo melhor registo da sua carreira, atrás apenas de 2007, a tal temporada em que tinha como arma principal Randy Moss, tendo na altura estabelecido o record da liga com 50 touchdowns numa temporada.
DEFESA DE BALTIMORE RESPEITADA POR TODOS
Embora não seja imbatível, a defesa de Baltimore é respeitada por todos em Foxboro.
"Sim, é a defesa mais bem avaliada na liga, por isso ninguém tem feito um trabalho melhor ao longo da temporada do que eles," respondeu Tom Brady durante a conferência de imprensa de sexta-feira quando lhe perguntaram se esta será a melhor defesa que os Patriots vão defrontar esta temporada. "Penso que eles fazem coisas muito boas em muitas áreas, pois são bons a defender nas primeiras descidas, bons a defender nas terceiras descidas, terceiras e distância curta, bons na goal line, na red area. Disputam cada jarda e eu acho que essa é a marca de uma boa defesa. Não nos consentem nada com facilidade. Tens que ser tu a conquistar."
No entanto Tom Brady prontamente acrescentou que "estamos preparados para um jogo de 60 minutos. É para isso que temos treinado. Se for algo diferente do que isso, então faremos os ajustamentos, mas sabemos que vai ser um confronto bom, difícil."
Por sua vez o treinador Bill Belichick considera que a defesa dos Ravens é "muito boa contra o jogo terrestre. Eles são muito bons nas terceiras descidas. Eles não consentem muitos pontos. Eles obrigam-te a ficar em muitas situações em que te vês obrigado a conseguir longos avanços. Eles convertem as terceiras descidas. É difícil marcar pontos [contra eles]. Não permitem muitas jogadas de avanços longos, por isso é realmente muito simples. Tu tens que continuar a avançar no terreno e se não conseguires converter as terceiras descidas e não conseguires jogadas com avanços longos, então será difícil marcar, e é nisso que eles têm feito um bom trabalho."
Uma análise algo pessimista, ponto de vista repartido por Josh McDaniels, o coordenador defensivo dos Patriots.
"Esta é a defesa mais bem treinada que vamos defrontar," acrescentou McDaniels. "Eles são um grupo físico que não consente avanços fáceis; não [permite] avanços longos, anula o jogo terrestre, torna os adversários unidimensionais, obriga-os a ficar em situações de terceira descida-e-longa distância, são a melhor equipa da liga nas terceiras descidas. Criam imensos* turnovers*… eles têm uma grande quantidades de bons jogadores nas três áreas da defesa."
"Nesta temporada, na última temporada, em qualquer temporada, tu sabes que contra Baltimore que vai ser um jogo duro," acrescentou Julian Edelman. "Eles jogam muito duro, estão bem treinados, têm bons jogadores e não importa onde se disputa o jogo. Eles trazem sempre tudo e trazem no duro. Ainda vou ter que ver mais filme [dos jogos], mas eles têm jogadores que estão neste esquema há algum tempo. Têm jogadores novos que estão a jogar bem, por isso vai ser uma batalha, de certeza."
LINHA OFENSIVA VAI TER PAPEL DECISIVO
Perante este cenário torna-se evidente que a linha ofensiva dos Patriots vai desempenhar papel de grande importância neste jogo. Isto porque embora a defesa dos Ravens seja quase impenetrável no jogo terrestre, o certo é que os Patriots têm tido algum sucesso a correr. Portanto a linha ofensiva terá que protegerTom Brady, para que ele tenha tempo suficiente para descobrir os seus alvos e completar passes, e terá também que abrir espaços para LeGarrette Blounte companhia.
Dean Pees, o actual coordenador defensivo dos Ravens, esteve seis anos nos Patriots e durante quatro temporadas desempenhou o mesmo papel na equipa técnica de Bill Belichick. E também ele reconhece a importância que o jogo terrestre poderá ter na segunda-feira.
"Temos que parar o jogo terrestre, nós não podemos permitir que o jogo terrestre arranque, não podemos permitir avanços longos, temos que os obrigar a percorrer distâncias longas," respondeu Pees quando lhe perguntaram qual seria a melhor forma de tentar neutralizar Tom Brady. "Uma coisa sobre o Tom é que ele é muito mais paciente do que a maioria dos quarterbacks, o Josh [McDaniels] é muito mais paciente como coordenador do que a maioria dos coordenadores, mas mesmo assim temos que os obrigar a correr longas distâncias, não podemos permitir touchdowns fáceis, não podemos permitir longos avanços depois das receções, e temos que parar o jogo terrestre."
Também Randy Moss, antigo jogador dos Patriots e actual comentador da NFL Network, considera que a linha ofensiva e LeGarrette Blount poderão ter papéis decisivos frente aos Ravens.
"Estou ansioso para ver como é que a linha ofensiva vai jogar, como é que vão conseguir proteger o Tom [Brady], para ele ter tempo para fazer os passes," explicou Moss. "Quando se olha para a história dos jogos contra os Ravens, os Ravens tentam obrigar o Tom a segurar a bola, a ficar no pocket e a ter que segurar a bola. Estou ansioso para ver qual vai ser a eficácia da linha ofensiva.
"Uma das coisas que eu gosto em relação aoLeGarrette Blounté o facto de ele ser grande, é que ele traz energia à equipa, e embora não corra tanto quanto gostaria, mesmo assim traz energia, e pode continuar a ser eficaz no seu papel neste ataque."
"Ele [Blount] tem feito alguns grandes jogos nesta altura do ano," acrescentou Tom Brady. "É difícil quando o tempo está de chuva ou de frio. Certamente que se torna mais difícil completar os tackles, e ele é difícil de derrubar pois pesa 250 libras [113 quilos]. É difícil derrubá-lo. Nesta altura do ano é preciso ter formas diferentes de ganhar os jogos. Não há muitos dias que estejam bons para passar a bola, por isso temos que ser pluridimensionais e entregar-lhe a bola e depois obrigar a defesa a tentar derrubá-lo, ele é um obstáculo grande."
Mesmo que todas estas indicações sobre a possível utilização de LeGarrette Blount sejam mais um isco do que outra coisa, o certo é que o adversário tomou nota.
"O jogo terrestre deles é excelente, têm três *backs *que são excelentes, comandados pelo LeGarrette Blount, uma linha ofensiva excelente, faz um grande trabalho com os esquemas, estão muito bem treinados," disse John Harbaugh, treinador dos Ravens. "Para mim não se trata duma mudança, eles sempre estiveram determinados em fazer o que for necessário para marcarem pontos e ganhar jogos. Para mim sempre tiveram um bom jogo terrestre e agora é apenas uma extensão do que sempre fizeram bem…ele é grande, físico, segue em frente, duro e muito talentoso."
Até ao momento Blount já acumulou 957 jardas, sexta melhor marca da liga. Conseguiu 13 touchdowns, o que o deixa a apenas um de igualar o record dos Patriots, pertença de Curtis Martin, e tem uma média de 4,2 jardas por corrida.
Uma das principais explicações para o sucesso que a linha ofensiva dos Patriots tem exibido prende-se com a estabilidade que o treinador Dante Scarneccia sempre tenta estabelecer no seu grupo. Scarnecchia tem dependido basicamente do mesmo quinteto, liderado pelo guard Joe Thuney, que, incrivelmente ainda não falhou uma única jogada, ou* snap,* totalizando 836 (100 por cento). Segue-se o center David Andrews, com 832 (99,5%), o tackle Marcus Cannon, com 752 (90%), o outro* tackle Nate Solder, 750 (89,7%), e o guard* Shaq Mason, com 738 (88,3%).
POSSÍVEIS SURPRESAS
Todos os jogos dos Patriots são preparados de forma diferente, pois visam sempre explorar os pontos fracos do adversário, quer no ataque, quer na defesa.
"Posso-vos dizer que ao longo dos anos, por ter estado com eles, não há ninguém que faça melhor trabalho a elaborar um plano de jogo baseado no pessoal que eles tiverem. Eles vão estar preparados," disse Dean Pees. "Uma outra coisa que vos posso dizer é que quanto maior for a adversidade que eles enfrentam, melhor eles jogam."
Portanto Rob Gronkowski e Danny Amendola vão estar ausentes por lesão, mas para Dean Pees isso simplesmente significa que estas ausências "vão ser mais uma série de problemas que nós vamos ter que enfrentar com o que eles vão fazer com o pessoal que têm."
Uma das caras novas poderá ser D.J. Foster. O rookie foi escolhido no draft *deste ano como *running back, mas em estatura é parecido com Amendola, pelo que nos treinos desta semana trabalhou não apenas com os* running backs, mas também com os *wide receivers. Durante a sua carreira universitária, na Arizona State, acumulou mais de 200 receções, pelo que jogar nas laterais não será nada de estranho.
"Eles [os treinadores] mudaram-me de posição, consoante o que estava no plano de jogo, para onde precisavam de mim," explicou D.J. Foster. "Fiz muitas vezes isso na universidade. Na realidade sinto-me confortável em ambas as posições."
Segundo as estatísticas é no jogo aéreo que Baltimore se mostra mais vulnerável, pois já consentiu 21 touchdowns. Como não tem jogado, os adversários não conhecem as tendências de Foster, que poderá assim tornar-se o complemento ideal para Julian Edelman, que lidera os Patriots com 72 receções, oitava melhor marca da NFL, 38 delas para primeiras descidas. E, claro, ainda há Malcolm Mitchell, a atravessar excelente momento de forma, Chris Hogan, Martellus Bennett, e sabe-se lá que mais é que Josh Daniels estará a preparar.
Independentemente de quem estiver em campo, uma coisa é certa, os Patriots estão devidamente preparados e sabem o que os espera.
Depois de salientar que um dos principais aspetos será "cuidar da bola" para evitar fumbles, o receiver Chris Hogan reconheceu o valor do adversário, mas deixou bem claro que a sua equipa está preparada para o que lhe surgir em campo na segunda-feira à noite.
"Eles estão a jogar muito bem presentemente e nós, em todas as fases, no ataque, na defesa e nas equipas especiais, temos que estar focados em cuidar da bola, evitar turnovers, e jogar bem coletivamente nas três fases," disse Chris Hogan. "Já defrontei os Ravens anteriormente, eles são uma equipa física, temos que estar preparados, não queremos entrar no jogo e ser surpreendidos pela intensidade física com que eles estão a jogar. Vamos estar preparados."