Uma grande exibição de toda a equipa resultou na presença do New England Patriots no nono Super Bowl no seu historial, o que passa a ser um novo recorde na NFL e foi verdadeiramente a principal marca estabelecida durante a memorável noite de domingo.
Esta será a oitava presença dos Patriots no Super Bowl desde que Robert Kraft comprou a franquia em 1994, total muito distante dos segundos, Pittsburgh e Denver, que conseguiram quatro durante esse período.
A final de ontem na AFC foi a sexta consecutiva em finais de conferência, um recorde que agora é pertença exclusiva dos Patriots.
Nos 50 jogos disputados nos play-offs, os Patriots registaram 31 vitórias, a segunda melhor percentagem vitoriosa, 62%, atrás apenas do Baltimore Ravens, 15-8, 65,2%.
As 31 vitórias são o quarto melhor total, logo a seguir a Pittaburgh (36), Dallas e Green Bay (34).
Em casa, os Patriots têm 20 vitórias em 24 jogos, 83,3%. Só Seattle, com 12 vitórias em 14 jogos, 85,7% tem melhor registo.
Este foi o sétimo título de conferência para Bill Belichick, que estava empatado com Don Shula, de Miami.
Bill Belichick e Chuck Noll, do Pittsburgh Steelers da década de 70, são os dois únicos treinadores com quatro vitórias no Super Bowl. Belichick poderá isolar-se neste capítulo.
Bill Belichick vai participar no seu décimo Super Bowl, sétimo como treinador dos Patriots. Nos outros três foi treinador-adjunto. A seguir surge Dan Reeves, que esteve em sete, quatro como treinador principal.
Com 11 presenças na final da AFC, Bill Belichick ultrapassou Tom Landry no topo dessa lista.
O Super Bowl LI será o jogo número 36 nos play-offs para Bill Belichick, o que iguala uma marca que pertence a Tom Landry e Don Shula.
Tom Brady também tem lugar reservado nesta lista de recordes.
Este foi o sétimo título de conferência para Tom Brady, que começa assim a aumentar a distância sobre os restantes. John Elway surge em segundo lugar (1986, 1987, 1989, 1997, 1998).
Obviamente isso significa que Tom Bradyé o primeiro quarterback a disputar sete Super Bowls, e passará a ser também o jogador que mais Super Bowls disputou. Estava empatado com o defensive lineman Mike Lodish, que esteve em seis, quatro com Buffalo e dois com Denver.
Se (quando) os Patriots ganharem a Atlanta, Tom Brady apanhará o defensive lineman Charles Haley, que conquistou cinco, dois com San Francisco e três com Dallas.
Os três touchdowns de ontem aumentaram o número desses passes para 61. A marca já pertencia a Tom Brady e ajudou a aumentar a distância, pois atrás de si estão Joe Montana (San Francisco/Kansas City), com 45; Brett Favre (Green Bay/Minnesota), com 44, e Peyton Manning (Indianapolis/Denver), com 40. O único ainda em atividade que poderá um dia aproximar-se é Aaron Rogers, que tem 36.
O recorde de jardas em passes já há muito que pertence a Tom Brady, que agora passa a ter 8.638, seguindo-se Peyton Manning, com 7.339. e Brett Favre, com 5.855.
Tom Brady tem agora 758 passes completados nos play-offs, e está em grande vantagem sobre Payton Manning (649) e Brett Favre (441).
Em vitórias nos play-offs por um quarterback Tom Brady passa a ter 24, seguido, muito distante, por Joe Montana, 16.
No domingo Tom Bradyigualou o seu ídolo, Joe Montana, ao conseguir três* touchdowns* em passe pela nona vez em jogos dos play-offs.
E jogos com mais do que um touchdown também continua a ser um recorde de Tom Brady, com 19, seguido de Brett Favre, com 15, e Joe Montana, com 14.
As 384 jardas acumuladas no domingo à noite passam a ser um novo recorde dos Patriots em jogos dos play-offs. Foi a décima primeira vez que Tom Brady superou a fasquia das 300 jardas, seguindo-se Peyton Manning, com nove.
O duo Bill Belichick-Tom Bradytambém tem uma série de recordes, começando com o número de vitórias, 24, mais 10 do que Chuck Noll-Terry Bradshaw.
As sete presenças no Super Bowl superam Roger Staubach-Tom Landry em Dallas, Jim Kelly-Marv Levy em Buffalo, e Terry Bradshaw-Chuck Noll em Pittsburgh, todos com quatro.
Enfim, são muitas marcas, que deixam bem clara a superioridade dos Patriots em relação aos demais rivais.
A REDENÇÃO DE TOM BRADY
Embora Tom Brady nunca tivesse consentido nenhuma interceção contra uma equipa de Pittsburgh treinada por Mike Tomlin, tendo totalizado 19 touchdowns nesses jogos, durante a semana alguns críticos vieram a público sugerir que o quarterback dos Patriots estava em declínio em jogos dos play-offs.
Para além da exibição menos conseguida frente a Houston, apontaram para algumas estatísticas, como o fato de Brady, nos 10 primeiros jogos dos play-offs ter conseguido 14 touchdowns e apenas três interceções, mas nos últimos 22 jogos foi intercetado 27 vezes, totalizando 44 touchdowns. O quarterback rating de Brady durante os play-offs era de 87,4, quase menos 10 pontos do que na temporada regular, 97,2.
Quem conhece bem Tom Brady sabia muito bem que esse tipo de conversa serve apenas para lançar achas para a fogueira competitiva que arde dentro do quarterback dos Patriots.
E, claro, quem se queimou foram os Steelers. No domingo à noite, Tom Brady completou 32 de passes, para 384 jardas, com três touchdowns, nenhuma interceção.
Brady marcou o tom logo no início do jogo. Contrariamente ao que costuma suceder, desta feita os Patriots ganharam o lançamento da moeda ao ar e optaram por receber a bola para começar o jogo.
E Tom Brady arrancou a 100 hora. No chamado ataque 'hurry up', Tom Brady abriu com seis passes consecutivos que só não culminaram num touchdown porque o jovem Malcolm Mitchell, que falhara o jogo anterior devido a lesão, deixou o passe passar-lhe por entre as mãos.
De qualquer forma, Stephen Gostkowskiconverteu o field goal e colocou os Patriots em vantagem. Pittsburgh nunca mais recuperou.
Após o final do jogo, o próprio Tom Brady, normalmente muito crítico em relação às suas exibições, desta feita estava visivelmente satisfeito com o rendimento de todos.
"Sim, foi um bom dia. Quer dizer, vamos para o Super Bowl. Neste momento, temos que estar satisfeitos," disse Brady.
O QUE DISSERAM SOBRE TOM BRADY
Conforme seria de prever, colegas e adversários foram unânimes em reconhecer a inspiração de Tom Brady e o seu valor histórico.
"Sim, ele despedaçou-nos, vamos ter que ver o filme [do jogo] para ver o que aconteceu, mas não demos conta do recado e ele despedaçou-nos," disse o *defensive end *Stephon Tuitt.
"Temos que lhe dar crédito no jogo de hoje," acrescentou o linebacker Lawrence Timmons. "Ele completou muitas jogadas; fez muitas grandes jogadas. Tentámos pressioná-lo, mas temos que lhe dar crédito. "
"Há motivos para ele ser considerado um dos melhores de sempre a jogar este jogo," disse o rival Ben Roethlisberger. "É por isso que nós temos respeito por ele e sabemos o que vamos enfrentar quando entramos neste ambiente, e é por isso que precisávamos de um jogo quase impecável e não o conseguimos."
Para Mike Mitchell, um dos safeties de Pittsburgh, os Patriots "fizeram um excelente trabalho a manter-nos algo desequilibrados com o ritmo de jogo. O Tom[Brady] é elite. Sempre que não estávamos a fazer marcação no exterior, ele conseguiu encontrar [o jogador solto de marcação] e quando não o pressionámos, ele esteve muito sereno e paciente. Fez um bom trabalho a encontrar o jogador desmarcado.
"Sim, ele não é para brincadeiras. Sabíamos o que nos esperava quando cá chegámos. Esperávamos ter jogado melhor. O Ben [Roethlisberger] joga sempre, por isso esperávamos uma briga de alto calibre. Não há ninguém melhor do que o número 12 [Tom Brady]. Ele é o que pensávamos que ele era. Temos que lhe tirar os nossos chapéus. Ele é um grande quarterback. É um grande ataque. Eles tinham o nosso número esta noite."
"Foi simplesmente ele a fazer o que o [Tom] Brady faz," concluiu o cornerback Artie Burns. "Ele e o seu grupo de receivers, fizeram um bom trabalho a desmarcarem-se. Foi o que acabou por acontecer. Não fizeram nada de espetacular. Eles simplesmente executaram e fizeram as pequenas coisas."
Para os jogadores dos Patriots, não foi nada de novo, já estão habituados.
"Ele é um grande líder," disse o running back Dion Lewis. "Ele é a mesma pessoa todos os dias. Vem cá todos os dias, trabalha tremendamente, está totalmente concentrado todos os dias. Isso é o tu queres ver num líder, e [a atitude] passa para todos."
"Ele é o melhor quarterback de todos os tempos," acrescentou o* running back* LeGarrette Blount. "Obviamente, na minha opinião, ele é o melhor quarterback de todos os tempos."
O MELHOR JOGO DA CARREIRA DE CHRIS HOGAN
Quem também esteve em grande destaque foi o wide receiver Chris Hogan, que estabeleceu um novo recorde dos Patriots em jogos dos play-offs, ao totalizar 180 jardas em nove receções.
"Ele tem sido incrível," considerou Tom Brady. "Quer dizer liderar a liga em média de jardas por receção é espetacular. Ele tem feito grandes jogadas para nós durante toda a temporada, fez grandes jogadas para nós no maior jogo do ano."
E o mais incrível é que jogou la crosse quando estava na Universidade de Penn State e só jogou football durante um ano. Teve apenas 12 receções no Monmouth College no último ano do curso e por conseguinte não foi escolhido por ninguém no draft.
Depois de ter sido dispensado por três equipas, assinou por Buffalo, onde teve algum sucesso. Mas, quando o contrato com os Bills terminou, não recebeu proposta para a renovação e acabou por aceitar a oferta dos Patriots, a 10 de Março, um contrato com a duração de três temporadas.
"O Chris[Hogan] tem feito um bom trabalho para nós o ano inteiro," disse Bill Belichick no domingo à noite. "Ele é um bom jogador, faz muitas coisas bem, é rápido, corre bem após a receção, é duro. Teve algumas boas oportunidades. Tirou proveito delas."
O primeiro touchdown do jogo surgiu a 2:55 do final do primeiro período e colocou os Patriots em vantagem, 10-0. Mas a jogada mais vistosa do jogo ocorreu a 7:54 do segundo período, um* flea flicker* que cobriu 34 jardas e aumentou a vantagem para 17-6.
"Foi uma excelente escolha [da equipa técnica]. Pareceu-me que eles estavam um pouco sem fôlego. Recebi o arremesso do D-Lew [Dion Lewis] e vi o Hogs [Chris Hogan] a arrancar em grande velocidade e limitei-me a lançar a bola no alto para ele. Foi uma grande jogada," explicou Tom Brady.
"Foi uma grande jogada. Nós não a tínhamos visto antes," confessou o safety Mike Mitchell. "Estávamos à espera de algumas jogadas enganosas, com truques, género screen-and-go ou algo do género. O flea-flicker foi uma grande jogada da parte deles."
"Ele [Chris Hogan] não podia estar desmarcado," acrescentou o* linebacker* Lawrence Timmons. "Eles fizeram um bom trabalho a colocar a bola em jogo quando nós ainda estávamos a tentar decidir que tipo de defesa íamos utilizar. Fizeram um bom trabalho a começar a jogada muito rapidamente."
"Ele fez um grande jogo," segundo o cornerback Ryan Logan dos Patriots. "Ele joga com tanta força de vontade que obriga qualquer cornerback a gastar muito energia em cada jogada, e ele tem-se dado bem contra todos os corners que defrontou. Isso é algo que eu notei nos treinos [dos Patriots], que ele também joga com muita paixão. Quando tu tentas fazer a cobertura a um jogador tens que responder a essa paixão, senão ele faz-te ficar mal na fotografia."
Por sua vez, Chris Hogan mostrou-se bastante satisfeito por ter batido o recorde, mas relembrou que isso só foi possível devido ao apoio dos colegas.
"Vai ser algo que com certeza vou recordar para o resto da minha carreira e provavelmente para o resto da minha vida," disse Hogan. "Alguém me disse que este ia ser um jogo que daqui a 30 anos eu me irei lembrar exatamente como aconteceu. Estou feliz por todos neste balneário, todos os que estão no balneário [e] os treinadores. Nós trabalhámos muito arduamente para chegar aqui, e eu estava feliz simplesmente porque consegui ajudar esta equipa a conseguir uma vitória esta noite."
Esteve em dúvida durante a semana devido à lesão que o obrigou a sair antes do final do jogo frente a Houston, mas regressou para fazer a melhor exibição da sua carreira. Não podia ter escolhido uma melhor altura.