Embora o favoritismo dos Patriots seja dos maiores da história da NFL em jogos dos play-offs, há quem considere que Houston poderá ganhar este jogo se conseguir pressionar Tom Brady de forma tão intensa que o obrigue a reagir negativamente e cometer alguns erros.
Alguns ainda estão recordados do que aconteceu em 2010. Os Patriots haviam ganho aos Jets 45-3, mas nos play-offs foram surpreendidos no Gillette Stadium, perdendo por 28-21 num jogo em Tom Brady foi muito pressionado, cinco* sacks*, e devido a isso cometeu um erro, uma interceção, que contribuiu para a derrota.
Houston também tem uma defesa ponderosa, a melhor da NFL, uma unidade que inclui Jadeveon Clowney (40 tackles, 12 assistências, 6* sacks, causou 1 *fumble) e Whitney Mercilus (36 tackles, 17 assistências, 7,5 sacks, causou 1 fumble).
Por conseguinte a formula para sucesso será a mesma, para mais sabendo-se, segundo estatísticas reveladas hoje pela ESPN, que os Patriots são quase imbatíveis quando cometem menos erros, ou turnovers, do que os adversários, 137 vitórias em 150 jogos, mas têm grandes dificuldades, 41 derrotas em 75 jogos, quando é o adversário a cometer menos erros.
A ESTRATÉGIA DE HOUSTON
"Se conseguires atingir qualquer quarterback vais ter impacto [na forma como ele joga]", disse Romeo Crennel, coordenador defensivo dos Texans na conferência de imprensa de quinta-feira. "É mais difícil chegar a alguns do que a outros, e ele [Tom Brady] não joga há tanto tempo como tem jogado, com o sucesso que tem tido, por ter sido atingido muitas vezes. Por isso, temos que escolher os momentos certos para ter algum impacto durante o jogo."
Para Crennel que foi cooordenador defensivo dos Patriots durante vários anos, o importante é não permitir que a turma de Foxboro se adiante muito no marcador.
"As equipas que ganharam [em Foxboro], foram lá com uma atitude agressiva, conseguiram completar jogadas e adiantaram-se no marcador, obrigando-os [aos Patriots] a jogar em desvantagem," disse Crennel. "Porque uma das coisas de que eles [os Patriots] se orgulham é estar em vantagem no marcador e continuarem em vantagem. Por isso se nós conseguirmos estar em vantagem, penso que isso coloca um pouco mais de pressão sobre eles para tentarem fazer algumas coisas que não queriam fazer e isso pode ajudar a equipa a ganhar."
Os jogos dos play-offs são quase um jogo de xadrez, com os treinadores a colocarem as peças em campo de forma a tentarem confundir o adversário. Mas, desengane-se quem pensar que vai colocar em campo algo que confunda ou que Tom Bradynunca viu.
POSSIVELMENTE A SUA MELHOR TEMPORADA
Na quinta-feira o site 'Pro Football Focus' publicou um artigo em que declara que "até agora nenhum quarterback conseguiu uma nota do PFF tão elevada como a que Tom Brady recebeu esta temporada."
"É difícil de acreditar, mas esta temporada pode ter sido a melhor que já vimos do quarterback do New England Patriots, Tom Brady, na sua carreira de 17 anos, merecedora de inclusão na Hall of Fame — aos 39 anos de idade."
O autor, Steve Palazzolo, fornece imensos dados a comprovar a sua tese e considera que "nos passes curtos ou longos, sobre pressão ou contra blitzes, no decorrer da jogada ou fora dela, Brady não mostrou nenhuma fraqueza discernível nesta temporada, e tudo somado dá isto: uma nota geral de 99,3 que representa a melhor nota da temporada regular para um quarterback durante a era PFF, que teve início na temporada de 2006."
Entre os progressos registados em 2016 por Tom Brady há a salientar especialmente que a sua mobilidade está "melhor do que nunca, e ele tomou uma decisão consciente de prolongar jogadas e fazer passes mais tarde como nunca antes fizera. Brady tem até refinado os passes longos nos últimos anos, corrigindo uma das maiores críticas na sua carreira de que ele era um mágico em passes curtos e intermediários, mas não muito bom a lançar passes longos."
E como é que Tom Brady reage a todo este ruído à sua volta? Como sempre, mantendo-se calmo, sereno e tranquilo. Quando lhe perguntaram se muda a sua rotina para os play-offs, o número 12 respondeu: "eu penso que sou muito consistente com a preparação. Tento assistir a tanto filme [dos jogos] quanto possível e tento estar bem mentalmente e emocionalmente, fazer o trabalho fisicamente nos treinos. Há muita coisa para preparar mentalmente, fisicamente e emocionalmente. Tu estás sempre a tentar encontrar o equilíbrio certo, mas sinto que estou num bom lugar."
Não há ninguém na NFL que estude o sistema de jogos dos adversários como Tom Brady faz. Mas, como capitão de equipa, também observa cuidadosamente os seus colegas para que o trabalho certo seja feito durante os treinos.
"Tem havido algumas coisas boas e algumas más [durante os treinos], e nós vamos ter que jogar bem durante os 60 minutos," acrescentou Tom Brady. "Penso que é isso que vai decidir este jogo. Vai haver jogadas que nós não completamos, haverá jogadas que completamos, e por isso eu penso que temos que ser consistentes durante todo o jogo. Tem havido alguns altos este ano, tem havido alguns baixos. Nós gostaríamos de ser, em todas as jogadas, perfeitos, mas não é assim que sempre acontece. Nós vamos para dentro de campo para tentar fazer o nosso melhor."
E quando lhe perguntaram se já estava preparado para sábado à noite, Tom Bradydeixou bem claro que há sempre trabalho para fazer.
"Ainda temos 48 horas até lá, por isso acho que ainda estamos todos numa fase de preparação; temos que tentar juntar tudo neste momento," respondeu Tom Brady. "Há muito para preparar. Eles têm uma boa defesa e fazem muitas coisas que, esquematicamente, nos desafiam, por isso vai ser uma luta difícil."
O QUE DIZEM O ADVERSÁRIOS
Para os adversários, tentar neutralizar Tom Brady é muito complicado porque o *quarterback *dos Patriots está sempre bem preparado e por isso reconhece os esquemas adversários com imensa rapidez.
"Há uma tonelada de filme com o Tom [Brady]", disse o linebacker Brian Cushing. "Infelizmente, estamos a jogar contra o Tom. Quer dizer, não há nenhuma felicidade em jogar contra ele."
"Ele compreende o que as defesas estão a tentar fazer contra ele," acrescentou o cornerback Johnathan Joseph. "Ele conhece todas as situações do jogo. Já jogo contra ele há 11 anos, e é sempre a mesma coisa. Ele vai estar muito preparado para tudo o que tu atirares contra ele, por isso tens que fazer um bom trabalho em esconder o teu disfarce. Não vai ser tarefa fácil ir lá e ganhar-lhes."
"É uma excelente oportunidade de jogar contra aquele que, na minha opinião, é o melhor quarterback de todos os tempos. Tu tens que estar preparado ao teu melhor porque nós já sabemos que é a esse nível que ele vai estar, e ele tem excelentes armas à sua volta," acrescentou o outro cornerback, A.J. Bouye.
Interessante foi a última questão que foi colocada a Romeo Crennel. Um dos jornalistas de Houston quis saber quando é que Crennell, que na altura era coordenador dos Patriots, e a restante equipa técnica reconheceram que Tom Brady era o homem certo para o lugar, pois havia muitos observadores, em 2001, que consideravam que Drew Bledsoe deveria continuar a jogar a *quarterback *depois de recuperado da lesão.
"Sim, foi na última descida daquele Super Bowl, o nosso primeiro Super Bowl, em 2001," respondeu Crennel. "Não tínhamos time-outs, estávamos recuados no terreno, e ele recuou para fazer o passe. Não reparámos na altura, mas se forem ver o filme, um dos defensive lineman que estava a pressionar, estava a milímetros de o atingir no braço e se ele tem sido atingido no braço, não tinha completado o passe para o running back, que saiu pela linha lateral. E depois manteve a descida [drive] em andamento para podermos fazer o field goal. E quando olhámos para o filme dissemos 'um, aquilo foi serenidade, ele sabe o que deve fazer, pega no que a defesa lhe concede', e conseguiu ganhar um jogo muito importante para nós."
Os fãs dos Patriots esperam que a cena se repita várias vezes no sábado à noite.